A luz da lua invadia o quarto escuro, banhava a cama e revelava Nicole deitada nela. Eram 3h00 da manhã e o único som era o tic-tac do ponteiro do relógio. Aquele 3 de Agosto fora um dia tenso, cheio de surpresas. A cidade de Rockland estivera em fervente polvorosa por causa da comemoraçãoda sua emancipação. Desfiles, queima de fogos e as pessoas na rua. Foi um dia atípico. E exatamente neste dia ela conheceu Paul, um jovem programador de sistemas que a ajudou a criar um programa de controle para sua pequena loja. O feriado passou e eles não perceberam, envoltos no trabalho. Tinham que deixar pronto para o dia seguinte. Lá por volta da meia-noite concluíram, exaustos. Num impulso de alegria, aos pulos, se abraçaram felizes pelo feito. De repente perceberam um ao outro ali agarradinhos, se olharam e logo desenvencilharam-se. Gentil, ele ofereceu-se para dar-lhe uma carona até em casa. Ela sorriu e aceitou. Calados durante o trajeto eles só arriscavam se olhar. Olhar de fogo ardente. Penetrante que a desconcertava. Sentiu vergonha ao perceber que intimamente estava úmida. Aquele olhar a possuía. Lhe invadia, queimava o corpo, a deixava tímida. Sentia-se como uma flor na madrugada, pétalas abertas, completamente molhada. Não tirava o olhar dele da cabeça. Perturbada, na pernumbra do quarto, tocou-se, arfou, mordeu os lábios, por fim gemeu extasiada. Pelo menos o teve nas mãos, nos próprios dedos que a violaram. No frenesi da mão agitada desejando se rasgar, se entregar, deixar-se penetrar pela rigidez de Paul. Queria-o dentro de si. Socando-lhe enquanto suas unhas lhe rasgavam as costas. Estava em fogo e flor, a flor pegando fogo. No dia seguinte Nicole ousadamente cuidou de tê-lo e finalmente seus perfumes se misturaram noite adentro. Fora uma noite feliz. A mais feliz da sua vida. (Tony Casanova)

Conto O Fogo e a Flor